Eu não consigo parar de pensar no quanto teu texto está perfeito em todos os sentidos. É enxuto, é suficientemente claro e objetivo. É minimalista. O minimalismo foi uma corrente que atingiu diversos campos, não só das artes, como a pintura, o design, a literatura, mas também a linguística, por exemplo. É falar pouco, mas com muitos elementos subentendidos. Ainda hoje muitos autores trabalham com o minimalismo. "Aurora" é tudo isso! Apenas dois adjetivos são utilizados: 'perfeita' e a forma nominal 'desfeita' do verbo desfazer. São as palavras necessárias para compôr essa cena, embora antagônicas: onde há perfeição onde há algo desfeito? E quem considera isso perfeito. Mas a perfeição está na manhã. Aqui há uma magia do olhar daquele que se coloca como observador, pois é ele quem considera algo (a manhã) perfeita. Assim como o leitor há de saber considerar o que para si venha a ser uma manhã perfeita também. Mas note que o texto apresenta uma incompletude: falta alguma coisa, falta alguém para alcançar este 100%. Apesar disso, não há infelicidade, há uma solidão velada com sabedoria. E é sábio porque apesar dessa incompletude não há impedimento para se enxergar numa manhã a beleza que ela venha a ter. Posicionado diante da janela, o eu-lírico/personagem detém o olhar otimista da vida. Atrás dele a cama desfeita (e vazia) o lembra de que falta alguma coisa. Mas o som da voz ausente não significa, como já notamos, uma ausência total de sons. Se quiséssemos viajar numa maionese light, poderíamos considerar que a sonoridade das rimas dentro da estrutura do texto revela os sons presentes, apesar da ausência do pedido "volte para cama desfeita". A imagem que se associa ao texto é a mais perfeita que poderia ser preparada para acompanhá-lo. Eu quase vi a própria Susanna nela. Apesar de ser uma afirmação perigosa, há em mim quase uma força me motivando a considerar "Aurora" uma minibiografia factual. Que delícia esse texto! Que delícia!
Originalmente escrito em 29 de abril de 2009 (!), esse texto recebeu outro título - o anterior era "Vem pra cá..." - em função das últimas publicações realizadas aqui carregarem nomes femininos ("Lola", do André e "Feffa", do Danilo). Acabei sentindo a motivação de chamá-lo "Aurora", que, além de (também poder ser) nome de mulher, resumia perfeitamente um ponto central do texto: a tal manhã perfeita.
Não lembro se, ao escrevê-lo, havia de fato visto uma manhã perfeita. Mas recordo que carregava no peito, àquela época, sensações similares às que tenho agora... E fiquei pensando se me trairia, ou aos colegas escritores, ao reeditar uma produção antiga, já que a proposta daqui é tão nova e original para todos nós. Contudo, não consegui tirar esse texto dos olhos. Precisei aceitá-lo, e permitir que ocupasse esse espaço.
Fico muito contente, André, querido e amado amigo, que tenha dedicado tão boas palavras a esse texto, que, confesso, guardo em lugar mais que especial - "Tudo o que a memória amou fica eterno", disse Adélia Prado. O teu comentário está ecoando em minha mente. Está tão lindo, tão delicado. Uma análise tão bem cuidada, que chega a me emocionar.
Agradeço muito por tudo o que disse. (Você, para mim, é eterno!)
Eu não consigo parar de pensar no quanto teu texto está perfeito em todos os sentidos. É enxuto, é suficientemente claro e objetivo. É minimalista. O minimalismo foi uma corrente que atingiu diversos campos, não só das artes, como a pintura, o design, a literatura, mas também a linguística, por exemplo. É falar pouco, mas com muitos elementos subentendidos. Ainda hoje muitos autores trabalham com o minimalismo.
ResponderExcluir"Aurora" é tudo isso! Apenas dois adjetivos são utilizados: 'perfeita' e a forma nominal 'desfeita' do verbo desfazer. São as palavras necessárias para compôr essa cena, embora antagônicas: onde há perfeição onde há algo desfeito? E quem considera isso perfeito. Mas a perfeição está na manhã. Aqui há uma magia do olhar daquele que se coloca como observador, pois é ele quem considera algo (a manhã) perfeita. Assim como o leitor há de saber considerar o que para si venha a ser uma manhã perfeita também. Mas note que o texto apresenta uma incompletude: falta alguma coisa, falta alguém para alcançar este 100%. Apesar disso, não há infelicidade, há uma solidão velada com sabedoria. E é sábio porque apesar dessa incompletude não há impedimento para se enxergar numa manhã a beleza que ela venha a ter.
Posicionado diante da janela, o eu-lírico/personagem detém o olhar otimista da vida. Atrás dele a cama desfeita (e vazia) o lembra de que falta alguma coisa. Mas o som da voz ausente não significa, como já notamos, uma ausência total de sons. Se quiséssemos viajar numa maionese light, poderíamos considerar que a sonoridade das rimas dentro da estrutura do texto revela os sons presentes, apesar da ausência do pedido "volte para cama desfeita".
A imagem que se associa ao texto é a mais perfeita que poderia ser preparada para acompanhá-lo. Eu quase vi a própria Susanna nela. Apesar de ser uma afirmação perigosa, há em mim quase uma força me motivando a considerar "Aurora" uma minibiografia factual. Que delícia esse texto! Que delícia!
Originalmente escrito em 29 de abril de 2009 (!), esse texto recebeu outro título - o anterior era "Vem pra cá..." - em função das últimas publicações realizadas aqui carregarem nomes femininos ("Lola", do André e "Feffa", do Danilo). Acabei sentindo a motivação de chamá-lo "Aurora", que, além de (também poder ser) nome de mulher, resumia perfeitamente um ponto central do texto: a tal manhã perfeita.
ExcluirNão lembro se, ao escrevê-lo, havia de fato visto uma manhã perfeita. Mas recordo que carregava no peito, àquela época, sensações similares às que tenho agora... E fiquei pensando se me trairia, ou aos colegas escritores, ao reeditar uma produção antiga, já que a proposta daqui é tão nova e original para todos nós. Contudo, não consegui tirar esse texto dos olhos. Precisei aceitá-lo, e permitir que ocupasse esse espaço.
Fico muito contente, André, querido e amado amigo, que tenha dedicado tão boas palavras a esse texto, que, confesso, guardo em lugar mais que especial - "Tudo o que a memória amou fica eterno", disse Adélia Prado. O teu comentário está ecoando em minha mente. Está tão lindo, tão delicado. Uma análise tão bem cuidada, que chega a me emocionar.
Agradeço muito por tudo o que disse.
(Você, para mim, é eterno!)
Beijos com muito amor!
Simplesmente lindo. Parabéns!!!
ResponderExcluirOlá, Clara!
ResponderExcluirMuito obrigada por seu comentário. E bem-vinda ao blog.
Volte sempre!
Beijos,
Susanna Lima.
Que texto lindo!
ResponderExcluirDireto, objetivo e com emotividade ímpar...
Parabéns, Susanna!